Cerca de 120 índios da etnia Enawenê Nawê invadiram e incendiaram na manhã de sábado (11) o canteiro de obras da PHC (Pequena Central Hidrelétrica) Telegráfica, na cidade de Sapezal (430 km de Cuiabá). Pelo menos 12 caminhões foram destruídos, maquinários, além dos alojamentos e do escritório avançado da Juruena Participações Ltda. - consórcio de empresas que constrói a usina.
"Eles chegaram armados com arcos de flecha, machados e pedaços de pau, expulsaram os funcionários e depois colocaram fogo em tudo", disse o coordenador-técnico ambiental da empresa, Frederico Müller. Müller disse que ainda não é possível estimar os prejuízos com a ação. "É certamente algo que superará a casa do milhão."
A Telegráfica integra um complexo de dez usinas que será implantado ao longo de 110 km do rio Juruena, na região noroeste de Mato Grosso. A Juruena Participações responderá por outras quatro obras do conjunto (Rondon, Parecis, Sapezal e Cidezal), enquanto o restante ficará a cargo da Maggi Energia, empresa do grupo empresarial do governador Blairo Maggi, conhecido como o "Barão da Soja", o rei do desmatamento na Amazônia, e aliado do governo Lula. A revolta dos índios é contra os impactos ambientais que as obras vão causar na região, como a destruição dos rios. O peixe é a única fonte de proteína da etnia, que não come outro tipo de carne e vive basicamente da coleta de frutos, mel e da pesca. Por isso valorizam tanto seus rios. O rio Negro é onde os índios realizam um grande ritual de pesca coletiva no qual capturam peixes, que depois de salgados, servem como alimentam durante meses.
A população Enawenê Nawê é de apenas quinhentas pessoas que moram em casas comunitárias em apenas uma aldeia. Eles vivem em estado semi-isolado e a grande maioria não fala português ou usa roupas. Foram contatados em 1974 e escolheram viver com pouca interação com o mundo exterior. Os índios dizem que vão continuar lutando contra a construção das hidrelétricas.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
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